Tudo bem, a gente assume. Adora dar aquela controladinha básica na relação.
Mas, e quando são eles que gostam de obedecer, o que a gente pode fazer? Nada, a não ser aproveitar, claro. Brincadeiras a parte, existe todo um mistério envolvendo os homens que adoram as mandonas. Elas dão ordem, bronca, impõe limites. E eles se deliciam com tanta imposição.
Segundo a psicóloga Mara Lúcia Madureira, existem mais homens que gostam de mulheres que exercem domínio na relação, as chamadas fêmeas alfas, do que os que assumem. "Essas mulheres são aquelas que encaram os desafios, seguram as pontas, ditam as regras e lideram o relacionamento", define. "Apesar de não assumirem, muitos homens não se incomodam quando a mulher decide sobre aspectos do relacionamento, como aonde ir, o que comprar ou que assumem obrigações com a casa, os filhos, as roupas que serão compradas para o marido", completa a psicoterapeuta Sabrina dos Santos Patto.
Mara explica que os motivos para que esses homens busquem esse tipo de relação é bem variável. Há aqueles com perfil de liderança, que podem escolher mulheres dominantes por afinidades, identificação ou admiração. Mas existem outros que procuram mulheres com tais características para assumir as responsabilidades que eles próprios evitam. "Esses não querem assumir grandes encargos e preferem delegá-los a uma mulher disposta a cumprir o papel de provedora na relação", diz. Há ainda os que adotam o papel de vítima, se fazem de mártir, num modelo de relacionamento no qual não conseguem exercer seus próprios direitos. Complexo, né?
O ambiente, os modelos familiares e as relações estabelecidas ao longo da vida contribuem para a formação de comportamentos passivos, mas não são determinantes exclusivos do padrão de personalidade. "Se o homem tem uma educação muito rígida, tem uma figura materna muito forte, que comanda a casa, pode se tornar um homem que terá dificuldades em se posicionar, em dizer o que pensa ou suas preferências, abrindo caminho para mulheres que gostam de assumir o controle", diz Sabrina. "Mas existem outros fatores, como a acomodação e a vontade de permanecer num nível de funcionamento que não exige demasiados esforços e comprometimento", ressalta Mara Lucia.
No caso de homens muito inseguros, gostar de mulher que ‘manda’ pode significar submissão. Mas, como lembrou a Maria Lúcia, pode significar comodismo ou ainda isenção de responsabilidade. "A submissão acontece quando o homem não concorda com o que está sendo decidido, mas não consegue dizer", explica Sabrina. "Quando ele ‘aproveita’ para se ver livre de tomar decisões e não há conflito, não é submissão".
Para ganhar voz numa relação onde só a mulher manda, por exemplo, é preciso, primeiro de tudo, querer. Uma vez atingido níveis insuportáveis na relação é preciso buscar a origem do problema e reverter tal situação. Uma saída é estabelecer novos limites e regras para o convívio. "Isso pode e deve ser feito de forma respeitosa, através de diálogos francos e objetivos, sem o homem assumir o papel de vítima. O homem deve dizer com clareza que está cansado do modo como o relacionamento foi conduzido até o momento, quais mudanças espera alcançar e a importância de tais modificações para tornar a relação suportável e sustentável", sugere Mara Lúcia.
Se a mulher muito mandona quer dar mais espaço ao amado passivo (e até estimulá-lo) precisa, antes de tudo, se conscientizar da importância do respeito aos direitos do dele. Uma ideia é sempre perguntar sua opinião na hora de tomar uma decisão ou delegar alguma atividade para ele fazer e não ficar perguntando se já foi feita ou como foi feita. "É preciso compreender que um casamento é a união de duas vidas com objetivos comuns, na qual se busca reunir esforços para alcançá-los, não um regime ditatorial ou tirania, em que um manda e o outro obedece".
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
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