quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ronco forte pode aumentar chance de câncer, diz estudo


Risco de tumores pode ser até 4,8 maior em pessoas com o distúrbio do sono


 Pessoas que roncam muito e sofrem de distúrbios respiratórios durante o sono têm uma probabilidade quase cinco vezes maior de morrer de câncer, segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA). O estudo foi apresentado na conferência internacional da American Thoracic Society, em San Francisco, e será publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.
A pesquisa analisou dados de mais de 1,5 mil pacientes que participaram de um estudo sobre Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono (DROS) ao longo de 22 anos. A forma mais comum de DROS é a apneia obstrutiva do sono, na qual a respiração é bloqueada deixando a pessoa sem ar, provocando interrupções no sono durante a noite. O distúrbio é associado a problemas como obesidade, diabetes, pressão alta, ataques cardíacos e derrames. 
Os participantes do estudo passaram por testes a cada quatro anos, que incluíam análises de sono e respiração. Os resultados mostraram que a probabilidade de morte por câncer aumentava drasticamente de acordo com a gravidade do distúrbio - pacientes com uma forma leve de DROS tinham uma chance muito pequena de morrer por câncer, enquanto que pacientes com uma forma moderada de DROS tinham uma chance de morte duas vezes mais elevada. Já naqueles com distúrbios graves de respiração, o risco aumentava 4,8 vezes em comparação com aqueles que não sofrem com o problema. 
Os autores acreditam que a correlação pode ser explicada pelo suprimento inadequado de oxigênio durante a noite nos pacientes com o distúrbio. Testes anteriores em laboratório já haviam mostrado que a interrupção intermitente da respiração leva a um crescimento mais acelerado de tumores, já que a falta de oxigênio estimula o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem os tumores. 

Apneia não tem cura, mas pode ser controlada

Quem sofre do distúrbio geralmente acorda cansado e mal-humorado. Além disso, apresenta baixo rendimento nas atividades cotidianas e pode chegar a ficar incapacitado de participar de reuniões, assistir a filmes e dirigir por conta da sensação extrema de que precisa dormir. 

Fatores de Risco

Alguns fatores de risco, de acordo com a especialista Lia Bittencourt, coordenadora médica do Instituto do Sono e professora de Medicina e Biologia do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), são: ser do sexo masculino, estar acima do peso, entrar na menopausa e consumir álcool com muita frequência. As causas são diversas. Entre elas, obesidade, anormalidades endócrinas ou craniofaciais, como hipotireoidismo e hipoplasia maxilomandibular, e predisposição genética. 

Sintomas

As pausas na respiração características desse distúrbio podem durar de dez a 30 segundos e ocorrer até cinco vezes em uma hora de sono. Na tentativa de voltar a respirar, a pessoa acorda várias vezes, o que afeta a qualidade do sono e impede o descanso adequado. Já o ronco específico de quem tem apneia segue um mesmo ritmo, vai ficando mais alto e, de repente, é interrompido por um período de silêncio. É nesse momento que a respiração para, o que parece ser uma espécie de engasgo. 


Quando esses ou outros sintomas, como dor de cabeça, falta de atenção, perda de memória e redução da libido são notados, é importante procurar um especialista em medicina do sono para fazer o diagnóstico. A confirmação da doença é feita por meio de uma polissonografia, exame que registra diversas funções do organismo durante uma noite passada em um laboratório de sono com sensores colocados na pele e no couro cabeludo. 
Diagnóstico

Tratamentos

Segundo Lia Bittencourt, perder peso, não beber álcool antes de ir para a cama, evitar dormir de barriga para cima e tratar doenças do nariz e da garganta são atitudes essenciais para o controle da apneia. Pode contribuir com a melhora dos sintomas o uso de um aparelho elétrico chamado CPAP (sistema de pressão positiva contínua das vias aéreas), que abre a garganta. Equipamentos intraorais que tracionam a mandíbula para abrir passagem para o ar durante a noite também podem ajudar. 

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