segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pitanguy quer usar células-tronco para estética

As células-tronco trouxeram a esperança de cura para doenças degenerativas. Agora, a expectativa é de que elas também iniciem uma nova era no mercado da estética. A novidade é o uso dessas células no campo da cirurgia plástica. O Instituto Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro, realiza um estudo pioneiro no Brasil, que logo deve entrar em fase de teste.

A nova técnica utiliza células-tronco adultas, que são removidas do próprio paciente, por meio de uma lipoaspiração. Em seguida, elas são injetadas no rosto do paciente para promover o rejuvenescimento facial. O resultado é permanente, natural e com risco mínimo de rejeição, segundo a coordenadora da pesquisa e integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Natale Gontijo de Amorim.

“Se conseguirmos dominar as células-tronco, poderemos fazer tecidos a partir das células do próprio paciente, sem problema de rejeição”, afirma Natale. Outra vantagem que a médica aponta é a rapidez do procedimento, que poderá ser feito em 30 minutos.

Reconstituição de tecidos e outras vantagens
Além da estética, a pesquisadora contou ainda que a técnica poderá ser usada para fins de reconstituição de tecidos.

“Será possível a reconstituição de um seio totalmente removido (mastectomia) – o que pode ocorrer em tratamentos de câncer de mama –, a renovação da pele de vítimas de queimaduras, assim como a reposição de órgãos que tenham sido bastante danificados, por doença ou acidente”, diz.


Isabelle Dinoire depois de transplante parcial de face e sua aparência atual
Para casos como o da francesa Isabelle Dinoire, que teve o rosto desfigurado após ataque de um cão e realizou o primeiro transplante parcial de face do mundo, em 2005, as expectativas são ainda melhores.

“No futuro, em casos como o da paciente francesa, seremos capazes de ‘reproduzir’ o rosto do paciente, refazê-lo como era antes do acidente.”

Ética x religião
A pesquisadora esclarece que o estudo envolve células-tronco adultas, o que, portanto, não implica na discussão de questões éticas e religiosas, como ocorre no caso daquelas extraídas de embriões.

“Esse tipo de célula também não apresenta risco de efeitos colaterais, como a ocorrência de tumor – o que geralmente ocorre com procedimentos envolvendo células-tronco embrionárias”, afirma.

Confira na próxima página o passo a passo da pesquisa Instituto Ivo Pitanguy e o que dizem as recentes pesquisas sobre células-tronco.


Passo a passo da pesquisa
A fase inicial do estudo, concluída no fim de 2009, foi identificar a concentração de célula-tronco no tecido de gordura ou adiposo. O objetivo foi verificar a existência de tais células no tecido. Nesta etapa, a célula é isolada, para que seja usada de forma mais específica.

A segunda etapa é o uso de tais células para o rejuvenescimento facial. A partir de uma pequena lipoaspiração, as células-tronco adultas são retiradas e depois injetadas no rosto do paciente. Na lipoaspiração, será retirada apenas uma pequena quantidade de gordura, de cerca de 50 ml.

A gordura é processada, sendo separados gordura, sangue e células-tronco. “O procedimento visa a purificar a célula encontrada e usá-la de maneira mais concentrada”, esclarece Natale.

A pesquisa ficará em fase de testes e observação de seis meses a um ano. Os testes serão realizados em pessoas acima de 40 nos, sendo o início em dois meses. A estimativa é de que no fim de 2011 já haja resultados publicados.

Células-tronco podem ser encontradas em todo organismo
As células-tronco são conhecidas pela capacidade de se transformarem em diversos tecidos do corpo. Acreditava-se que elas poderiam ser encontradas somente na medula óssea e no cordão umbilical, no entanto, recentes estudos mostraram que elas estão concentradas em outros lugares do corpo.


Imagem de células-tronco

“Muitas pessoas de fora da comunidade médica não sabem, mas estas células também podem ser encontradas em todo o organismo, com diferentes graus de concentração. Pesquisas recentes provaram que há uma alta concentração desse tipo de célula nos dentes de leite, na placenta, no líquido amniótico e no tecido adiposo ou de gordura”, esclarece.

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