segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tire suas dúvidas sobre a acne


Se, no passado, elas eram consideradas preocupação adolescente, hoje em dia a situação mudou. Os consultórios dos dermatologistas vivem cheios de pacientes que já passaram dos 18 anos há bastante tempo e não sabem mais o que fazer para acabar com as temíveis espinhas.
Mudanças na dieta, cremes secativos e até o uso de anticoncepcionais, entre as mulheres, são alternativas que a maioria experimenta por conta própria na hora do sufoco diante do espelho. Mas o que funciona de verdade?
A seguir, o dermatologista Mário César , tira todas as dúvidas sobre o assunto e ainda esclarecem os mitos que povoam a sua cabeça desde a adolescência. Aproveite a chance e deixe para trás, de uma vez por todas, todas as suas dúvidas e hábitos incorretos.
1. É verdade que existe uma bactéria causadora da acne?
Sim. Mas nem toda espinha é, necessariamente, resultado apenas de uma infecção. A acne é causada pela associação de fatores genéticos, pela variação hormonal e pela presença das bactérias Propionibacterium acnes e Propionibacterium ovale. O processo infeccioso, portanto, é somente um dos fatores que podem desencadear o problema, e em um grau mais grave.
2. Peles brancas são mais vulneráveis?
Bobagem. As espinhas estão diretamente associadas ao funcionamento das glândulas sebáceas, e não à tonalidade da pele. Sabe-se, entretanto, que as pessoas mais morenas têm maior propensão às marcas e cicatrizes. Motivo extra para esquecer, definitivamente, aquela mania desesperada de espremer os carocinhos.
3. Estresse causa espinhas?
Mais ou menos. A história é a seguinte: como a variação hormonal está associada ao aparecimento das espinhas, qualquer abalo emocional mais forte e duradouro pode interferir na saúde da sua pele. Isso porque a ansiedade e o estresse aumentam a liberação dos hormônios masculinos, responsáveis pela atividade das glândulas sebáceas.
4. Tomar pílula limpa a pele?
Não só a pílula, mas outros anticoncepcionais de base hormonal podem ser recursos eficazes no combate às espinhas. Isso vale para os medicamentos que contêm etinilestradiol na fórmula. Trata-se de um composto que diminui, na circulação sangüínea, a quantidade da enzima que realiza a transformação da testosterona livre em dihitestosterona. Quando entra em contato com a pele, essa substância torna-se responsável pelo surgimento da acne, de pêlos em excesso e da secreção de material seboso.
5. Mudar a alimentação acelera o tratamento?
Sim. Mesmo que, até hoje, nenhum estudo tenha comprovado a relação direta entre algum alimento e o aparecimento de espinhas, sabe-se que um cardápio balanceado é fundamental para manter a pele hidratada e bem nutrida. Então, é melhor evitar o excesso de gorduras (isso inclui o chocolate, branco principalmente). Mas não precisa cortar de vez a guloseima, basta dar uma maneirada.
6. Existe alguma dieta anti-espinhas?
Se você estiver pensando num cardápio completo, com café-da-manhã, almoço e jantar, não existe. Mas os especialistas reconhecem que alguns alimentos, se consumidos com maior regularidade, livram sua pele do problema. Hortaliças, frutas e legumes são ricos em vitaminas e fibras, que ajudam o intestino a funcionar melhor (assim, as toxinas não se acumulam e param de explodir na sua pele). Só não esqueça: a ação das fibras depende da ingestão de água, no mínimo oito copos por dia. As proteínas também são fundamentais, pois têm como funções principais a construção e regeneração dos tecidos. Carnes, leite e derivados, feijão e soja são boas fontes. Ah, e na hora de pôr na panela, cuidado com a quantidade de gordura.
7. Espinha é tudo igual?
Não. Atualmente, os médicos trabalham com quatro tipos de diagnóstico: Grau I: a pele fica cheia de cravos. Eles surgem porque uma espécie de rolha (formada por células mortas) tampa os poros e represa o material gorduroso. Grau II: nem sempre a rolha de células mortas veda totalmente os poros. Quando o sebo vasa, ocorre uma reação inflamatória e aparecem pontos avermelhados. Grau III: neste caso, o processo inflamatório tem sua ação intensificada pela ação de bactérias naturalmente presentes na pele. Surgem, então, as pústulas (pontos amarelados). Grau IV: perfil mais grave do problema, combina cravos, pontos vermelhos e amarelados.
8. As mulheres são mais atingidas pelo problema do que os homens?
Puro mito. È muito provável que essa percepção tenha surgido porque elas, mais vaidosas, procuram ajuda com maior freqüência. Mas é exatamente um hormônio masculino, a testosterona, que provoca a hiperfunção das glândulas sebáceas mais sensíveis nos homens.
9. Qual a relação entre os hormônios e a acne?
As glândulas sebáceas, que controlam a oleosidade da pele, têm o funcionamento diretamente associado à testosterona, um hormônio masculino que também atua no metabolismo das mulheres. Quando há redução dos hormônios femininos e a testosterona passa a ter uma ação maior, nota-se uma maior atividade das glândulas sebáceas.
10. Os remédios para secar espinhas têm alguma contra-indicação?
Depende. Mesmo que sejam vendidas sem prescrição médica, essas fórmulas contêm substâncias que podem irritar a pele, piorar as espinhas ou até formar cicatrizes. Na melhor das hipóteses, o gel ou a pomada para secar espinhas não tem efeito nenhum, ou seja, não piora, nem melhora a acne. Então, apara evitar a perda de tempo, de dinheiro e a formação de marcas, procure um dermatologista antes de aplicar qualquer produto na sua pele.
11. E o Roacutan resolve mesmo?
Tecnicamente chamado de isotretinoína, esse medicamento ainda é uma das opções mais confiáveis para os casos graves de acne. Isso porque ele promove a atrofia das glândulas sebáceas. Sim, você entendeu certo: sua pele resseca, e muito, com o tratamento. Mas trata-se de uma fórmula bastante forte e, por isso, só pode ser ingerida com orientação médica. Antes de prescrever, os especialistas exigem a realização de uma série de exames, como hemograma, função do fígado, triglicérides e colesterol, todos repetidos a cada dois meses. O tratamento com isotretinoína dura, em média, um semestre. Mas esse período varia de acordo com a dose diária do remédio. Efeitos colaterais como alterações de humor, no sono, na libido e até depressão são raros, mas podem acontecer.
12. Depois do fim do tratamento, as espinhas podem voltar?
O remédio é forte e, em muitos casos, resolve o problema definitivamente. Mas há pacientes que, depois de dois anos sem tomá-lo, voltam a ter espinhas. Felizmente, o problema aparece em menor quantidade e num grau mais simples. Recursos mais suaves podem, então, ser empregados para solução.

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